terça-feira, 26 de julho de 2011

Infância.. Descoberta...


Bom, nada melhor e mais justo que estrear meu blog contando um pouco sobre mim.
Ou melhor, meus "mins".
Sou uma garota diferente desde que me entendo por gente. 
Minha infância foi uma delicia, sempre fazendo muita farra, muita palhaçada, fazendo coisas de criança arteira, bem arteira. Meus pais são separados, na verdade, nunca se casaram nem moraram juntos, apenas namoraram, e deste eis que nasce uma criatura complicada de decifrar. 
Minha vida sempre foi muito bem dosada de amor, emoção, aventura, diversão, liberdade... Mas ao mesmo tempo eu sabia que algo de errado acontecia comigo, só que com a inocência de uma criança, isso não passava de um pensamento vão. (Quem me dera se realmente fosse).
Eu e meu irmão quatro anos mais novo, adorávamos aprontar, se sujar na terra, jogar futebol, brincar de fazendinha, pecinhas... Brincar de boneca era algo entediante, meus amigos sempre eram meninos.
Fui crescendo e essa seleção automática de querer estar só com os meninos, fazendo coisas de meninos, só aumentavam. Queria me vestir igual á eles, fazer como eles, ter o corpo deles, enfim, ter e ser tudo como eles, algo nada normal. Com o passar dos tempos fui tentando me entender, me readequar ao meu ser, tentativas vãs, não tinha jeito de eu me aceitar como tal.
Comecei a pensar, eu acho que gosto de meninas..Eu sou lésbica?!Eis a questão?! Me repugnava só de imaginar ser, mas o meu interior ao mesmo tempo dizia: É isso, não teime! E eu relutava e tentava de todas as formas esquecer isso e não demonstrar a ninguém essa confusão e grande dúvida que invadia meu pensamento. 
Sou muito católica, já fui coroinha, catequista, braço direito de muitos padres... e quando soube que homossexualidade é pecado para a igreja, fiquei totalmente abalada, desesperada, e logo pensei: Vou para o inferno?! Eu que tenho tanta fé e devoção em Deus, eu que me preocupo tanto com as pessoas, em praticar o bem, a compaixão, a solidariedade?! Poxa, isso não é justo. Mas porque então Deus me permitiu ser assim? E porque comigo?(...) Dúvidas constantes deixavam o meu coração inquieto. Vontade de sair a procura de todas as respostas, vontade de gritar, correr, fugir... perder-se no que já estava perdido. Relutava contra o meu próprio eu, tentava de todas as formas não querer sentir o que eu estava sentindo, mas ao mesmo instante eu não queria ser normal. Eu não queria, tinha nojo de ter um corpo de mulher, ia dormir todas as noites com um único sonho: Acordar num corpo de homem, no meu corpo certo. 
(Tenho esse maior sonho até hoje).
Minha vida social, aparentemente normal, era maravilhosa, apesar de ter passado por diversos conflitos e problemas pessoais, familiares. Eu sempre estava de pé, cabeça erguida, sorrindo, cantarolando, sendo feliz. 
A vida interior, continuava turbulenta, sofredora, cortante, uma luta diária.
Este ano, em janeiro. Descubro o que há tempos eu procurava sem saber. Eu sou Transsexual. Mas que diabos é isto?! Pesquisei, pesquisei, pesquisei...fui até a lua e voltei, voltei com a grata certeza de que aquela palavra assustadora e desconhecida definia o meu ser. Sentimento de graça, esplendor, êxtase tomaram conta de mim... E com eles, medo ansiedade, preocupação, curiosidade...

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